Quem foi Melquisedeque? O 1º Rei de Salém

Quem foi Melquisedeque, o Rei de Salém? Um personagem bíblico, que aparece para Abraão, de repente, em um momento pós batalha.

O Rei de Salém

Melquisedeque era um rei e sacerdote de Salém (Jerusalém), cujo nome significa “rei de justiça”. 

Ele é mencionado nos livros de Gênesis, Salmos e Hebreus. Sua aparência e desaparecimento repentino no livro de Gênesis são cercados de mistério. 

Após a vitória de Abraão sobre Quedorlaomer e seus aliados, o Rei de Salém encontrou-se com Abraão pela primeira vez. 

Ele ofereceu pão e vinho a Abraão e seus homens cansados, demonstrando amizade. 

O Rei e Sacerdote abençoou Abraão em nome de “El Elyon”, o Deus Altíssimo e louvou a Deus por conceder a vitória a Abraão na batalha. (Gênesis 14:18–20; Salmo 110:4; Hebreus 5:6–11; 6:20— 7:28).

No cristianismo bíblico, o sacerdócio de Melquisedeque é um ofício exclusivo de Cristo. Encontramos a figura de Melquisedeque em Gênesis 14:18, onde ele é descrito como o rei de Salém e “sacerdote de Deus”. 

Na ocasião, Abrão (que mais tarde se tornou Abraão) ofereceu um dízimo a Melquisedeque e recebeu sua bênção. 

O nome Melquisedeque combina as palavras hebraicas para “rei” e “justo”, enfatizando seu papel como um sacerdote justo e real.

Quedorlaomer

Quedorlaomer, ou Kedorlaomer, foi um poderoso rei que viveu na mesma época que Abraão e Ló. 

Ele é mencionado no livro de Gênesis, no capítulo 14, como o rei de Elam, uma antiga civilização localizada onde hoje é o Irã. 

Elam também era chamada de Susiana, nome relacionado à sua capital, Susa, que mais tarde se tornou o palácio do rei Assuero, mencionado no livro de Ester.

Nos relatos bíblicos, Chedorlaomer é retratado como um rei formidável e temido. Ele formou uma aliança com outros reis (Gênesis 14:1-3), sendo o líder do grupo (versículo 4). 

Após um período de tempo, alguns desses reis se rebelaram contra Quedorlaomer, mas ele os derrotou em batalha. 

Ele também conquistou outras nações, como os refains, zuzins, emins, horeus e o povo que habitava a futura terra dos amalequitas e amorreus (versículos 6-7).

O Dízimo

Abraão decidiu dar ao Sacerdote uma porção de suas propriedades, equivalente a um décimo (dízimo) de tudo o que havia reunido. 

Essa ação de Abraão testemunhou seu reconhecimento de que Melquisedeque era um sacerdote com uma posição espiritual mais elevada do que a dele.

O Novo Sacerdócio

No Salmo 110, um salmo escrito por Davi e com significado messiânico (conforme mencionado em Mateus 22:43), Melquisedeque é retratado como um símbolo de Cristo. 

Este assunto é repetido no livro de Hebreus, onde tanto Melquisedeque quanto Cristo são apresentados como reis da justiça e da paz. 

Ao mencionar Melquisedeque e seu sacerdócio singular como um símbolo, o escritor destaca a superioridade do novo sacerdócio de Cristo em relação à antiga ordem levítica e ao sacerdócio de Arão (conforme mencionado em Hebreus 7:1–10).

Cristofania

No livro de Mateus, no capítulo 22, Jesus está envolvido em um debate com os fariseus. 

No versículo 44, Jesus cita o Salmo 110:1, afirmando que o Messias é o “senhor” de Davi mencionado nesse versículo. 

No mesmo salmo, o Sacerdote e Rei de Salém também é mencionado: “O Senhor jurou e não se arrependerá: Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Salmo 110:4). 

Isso significa que o Messias, que é o senhor de Davi, recebeu o sacerdócio de Melquisedeque. Dessa forma, o Rei de Salém é considerado um tipo de Cristo.

Alguns estudiosos afirmam que a aparição de Melquisedeque a Abraão foi, na verdade, uma “cristofania“, uma revelação antecipada de Jesus Cristo.

Melquisedeque seria Jesus?

Existem algumas teorias que sugerem que Melquisedeque poderia ter sido uma manifestação pré-encarnada de Jesus Cristo, conhecida como uma Cristofania.

Essa possibilidade é aceita porque Abraão já havia tido um encontro semelhante anteriormente. Podemos considerar o exemplo em Gênesis 17, onde Abraão viu e conversou com o Senhor (El Shaddai) na forma de um homem.

Melquisedeque, Rei de Salém

Ordem Real

No livro de Hebreus, no capítulo 6, versículo 20, está escrito: “[Jesus] tornou-se sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque“. 

O termo “ordem” geralmente se refere a uma sucessão de sacerdotes ocupando o mesmo ofício ou cargo, funções do Sacerdote no templo. 

No entanto, durante o longo período entre Melquisedeque e Cristo, não há menção de outros sacerdotes nessa linha. 

Isso pode ser resolvido se considerarmos que Melquisedeque e Cristo são, na verdade, a mesma pessoa. Portanto, a “ordem” é eternamente concedida somente a Ele.

Sacerdócio Perpétuo

No livro de Hebreus, no capítulo 7, versículo 3, é mencionado que Melquisedeque era “sem pai, sem mãe,(não é citado os nomes de seus pais) sem genealogia,Não temos registro de suas origens) sem princípio de dias nem fim de vida, (sem registro de seu nascimento e morte) semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre“. 

A questão que surge é se o autor de Hebreus está se referindo a isso de forma literal ou figurativa.

Cristo é o Sumo Sacerdote

Os capítulos 6 e 7 do livro de Hebreus explicam em grande parte por que o sacerdócio de Jesus, na ordem de Melquisedeque, é superior ao sacerdócio de Arão.

Em Hebreus 7:23–24, é destacado que Jesus mantém seu papel como sumo sacerdote eternamente, utilizando uma palavra grega que sugere algo que não pode ser transmitido ou mudado. 

Além disso, em Hebreus 7:26, esse sacerdote é descrito como “exaltado” e sem pecado. 

Essas características tornam somente Cristo capaz de cumprir o ofício sacerdotal na ordem de Melquisedeque, conforme mencionado em Hebreus 6:20.

Rei de Justiça

Se a descrição de Melquisedeque em Hebreus for interpretada literalmente, é difícil aplicá-la a qualquer pessoa além de Jesus Cristo. 

A afirmação de que ele permanece sacerdote para sempre não se aplica a um simples rei terreno, e a declaração de ser “sem pai nem mãe” não se aplica a um ser humano comum. 

Se Gênesis 14 descreveu uma manifestação divina, então podemos entender que Deus, o Filho, veio abençoar Abraão, se revelando como o Rei da Justiça, o Rei da Paz e o Mediador entre Deus e a humanidade. 

Essas características estão alinhadas com as descrições bíblicas de Jesus Cristo (Apocalipse 19:11, 16; Isaías 9:6; 1 Timóteo 2:5).

A Conexão Estabelecida

Se entendermos a descrição de Melquisedeque de forma figurativa, podemos interpretar que os detalhes de não ter genealogia, começo ou fim, e um ministério contínuo são simplesmente declarações que realçam a natureza misteriosa da pessoa que encontrou Abraão. 

Nesse caso, o fato de Gênesis não fornecer esses detalhes é intencional e serve para estabelecer uma conexão mais sólida entre Melquisedeque e Cristo.