Salmo 23 é um dos escritos mais conhecidos da bíblia, escrito por e conhecido pela frase inicial, com ênfase na parte onde diz:”…nada me faltará…”.
Davi, um dedicado pastor de ovelhas, expressa sua gratidão e louvor a Deus através deste Salmo, baseado em suas experiências ao cuidar desses animais.
Ele percebe que há semelhanças entre cuidar de ovelhas e cuidar de pessoas, e utiliza essa metáfora para retratar o relacionamento entre Deus e Seu povo.
Ao retratar Deus como um pastor, Davi destaca o zelo e cuidado que Ele demonstra pelo Seu “rebanho“.
Nesse contexto, Davi se identifica como uma ovelha em particular, cujo bem-estar está sob os cuidados atentos de Deus.
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O Salmo 23
O Salmo 23, por causa dos versículos iniciais ele ficou conhecido como o Salmo do bom pastor, porém percebemos que a figura do pastor ocupa apenas os três primeiros versículos.
Davi emprega três metáforas de sua época para descrever o cuidado e a proteção de Deus. O pastor é apenas uma dessas figuras, uma das maneiras pelas quais ele concebe Deus, retratando-O como um Pastor de ovelhas.
O Pastor
A primeira figura é a do Pastor (Salmos 23.1-3), este era o ofício do pastor, levava o rebanho, as ovelhas para locais onde havia alimento.
A segunda figura são os pastos verdes, porém, não só comida mas bebida também, um riacho tranqüilo, as águas tranquilas, claras e limpas, onde as ovelhas poderiam beber e se satisfazer.
No verso 3 a terceira figura, orientação e a direção. São três coisas básicas que as ovelhas precisavam: alimento, bebida e saber para onde ir.
Com isso, Davi diz que, Deus, (Pastor) vai providenciar a Seu rebanho, sustento material (alimento) e espiritual (águas limpas), como Ele também vai encaminhar (direção e orientação) pelas veredas da justiça, nos caminhos dEle.
Protetor
A partir do verso 4, na parte onde consta a frase sobre “andar pelo vale da sombra da morte”, Deus agora não é mais descrito como um Pastor, mas como um “sentinela” que faz companhia, oferecendo segurança durante uma jornada, que esta junto ao longo do caminho.
Agora, o texto muda o cenário dos pastos verdejantes e das águas tranquilas para uma estrada, um tipo de longa caminhada.
Bem provável que neste texto, Davi tinha em mente os tempos de peregrinação, uma vez por ano pelo menos, os Judeus partiam de diversas localidades, para Jerusalém, e o caminho pelas regiões montanhosas da Judéia, da Palestina não eram caminhos fáceis, havia muitos locais, inclusive propícios para emboscada em que os malfeitores e salteadores estariam à espreita para pegar qualquer viajante solitário.
Então, estes locais poderiam ser descritos como o vale da sombra da morte devido aos perigos e infortúnios que ofereciam aos que por ali passavam.
Davi se refere a Deus como a sua segurança, dizendo ainda que eu passe naquele lugar de perigo, não vou ter medo porque Tu estás comigo.
Aqui é o Salmista Davi considerando que Deus estivesse andando ao seu lado para lhe proteger a vida.
Quando ele fala sobre “tua vara e teu cajado me consolam” sobre a vara, seria usada para a defesa contra algum animal, fera do campo, ou até mesmo ataques de salteadores.
Sobre o cajado, teoricamente teria um tipo de arco na ponta, que seria usado no resgate das ovelhas em algum tipo de buraco ou penhasco.
Então, neste contexto, Davi relata Deus como um guarda armado, o companheiro de viagem, para lhe proteger mesmo que passe pelo vale da sombra da morte, Ele não somente é o Pastor, mas ele é também o Protetor.
Salmo 23
Chegamos ao verso 5, e aqui estamos em uma outra situação, saímos dos pastos verdes, águas limpas, da condução, passamos pelo vale, e então, nos encontramos agora em um ambiente de festa, uma recepção.
Nos dá a Vitória
Aqui a figura que está por trás, nos dá a impressão de que se trata de uma recepção de um soldado, especialmente um oficial, que retorna vitorioso da guerra.
Recebido em sua cidade com um banquete, onde ele é ungido com óleo, recebe presentes, honrarias.
Após isso, a recepção, um banquete, onde o vinho é servido como símbolo de alegria, comemoração, a taça deste oficial é enchida a ponto do cálice transbordar.
Como uma expressão de alegria, vamos comemorar, porque Deus lhe deu a vitória.
Então, já temos Deus como Pastor, não deixa faltar nada, Protetor, e com isso não temerei mal algum, mesmo no vale da sombra da morte e também Deus é aquele que dá a vitória, que nos recebe, e prepara uma linda mesa na presença dos meus adversários, estes vencidos, diante de um mundo hostil, Deus nos recebe e festeja conosco.
Unge a minha cabeça, enche o meu cálice de alegria (vinho).
Habitar na Casa do Senhor
Por fim chegamos ao verso 6, e aqui o texto nos remete ao templo de Jerusalém, existe a probabilidade do Salmo 23 ser um Salmo de peregrinação, o saltério recitado durante a caminhada até Jerusalém para celebrar as grandes festas de Israel e estar junto com o povo de Deus e Louvar a Deus.
A medida que o Salmista caminha em direção a Jerusalém ele vai orando a Deus, que vai guiá-lo nos caminhos de justiça, que Deus irá providenciar comida e bebida, que vai livrá-lo no vale da sombra da morte e ele não temerá, pois Deus está com ele, e chegará vitorioso e irá desfrutar de um banquete com muita alegria e terá sua cabeça ungida com óleo.
Por fim, ele celebra o fato de ter chegado no tempo, olha para trás e se alegra pois a Misericórdia e Bondade o seguiram e continuarão com ele, não apenas pelo caminho até o templo, mas todos os dias de sua vida.
Essa alegria o completa pelo fato de chegar a seu destino, e, o que ele mais deseja é permanecer, na casa do Senhor, em um local específico, mas também, viver todos os dias na presença de Deus, para todo o sempre.
A vida no Salmo
Este Salmo traça a vida do cristão, como uma referência ao povo de Deus em direção à vida eterna.
Estamos neste mundo como peregrinos, marchando para aquilo que Deus tem preparado para nós, para o que Jesus disse, que iria preparar morada.
O texto é claro, temos o Pastor que nos provê, que nos protege, que nos guia nos caminhos de justiça, que nos dá a vitória, nos recebe com festa e nos unge a cabeça com óleo.
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