A Ordem de Melquisedeque: No livro de Gênesis, capítulo 14, Melquisedeque é descrito como o rei de Salém (futuramente Jerusalém) e sacerdote do Deus Altíssimo.
Abrão, ao retornar de uma batalha, reconheceu o sacerdócio de Melquisedeque entregando-lhe o dízimo das posses que havia conquistado (Gênesis 14:16).
É interessante notar que esse evento aconteceu antes da criação da linhagem aarônica, parte do sacerdócio levítico, que seria responsável por mediar entre Deus e os homens sob a Lei Mosaica.
Melquisedeque não era sacerdote de Israel, pois essa nação ainda não existia — Abraão ainda não tinha filhos. Os levitas só se tornariam uma tribo sacerdotal quatro séculos mais tarde.
A Aparição de Melquisedeque nas Escrituras
O sacerdote Melquisedeque é mencionado em três partes distintas das Escrituras. Sua primeira aparição ocorre em Gênesis 14:18-20. Em um salmo messiânico (Salmo 110:4), Davi refere-se diretamente à “ordem de Melquisedeque” ao falar da vitória e glória do Messias, dizendo:
“O Senhor jurou
e não mudará de ideia:
‘Tu és sacerdote para sempre,
na ordem de Melquisedeque’” (Salmo 110:4).
O autor de Hebreus cita esse versículo ao referir-se a Cristo em Hebreus 7:17. Assim, Gênesis nos dá a base sobre quem é Melquisedeque, o Salmo 110 conecta Melquisedeque ao Messias, e os capítulos 5, 6 e 7 de Hebreus explicam a supremacia de Jesus como o Grande Sumo Sacerdote, usando Melquisedeque como um exemplo de sacerdócio e realeza.
Na Bíblia, a frase “a ordem de” indica uma linhagem. Um sacerdote aarônico seria um sacerdote de acordo com “a ordem de” Arão (Hebreus 7:11).
Esses sacerdotes provinham da linhagem de Arão e compartilhavam uma função e natureza semelhantes. Outra tradução de Salmo 110:4 afirma que o Messias será um sacerdote “segundo o padrão de Melquisedeque” ou “segundo a maneira de Melquisedeque”.
A Natureza Messiânica e Eterna de Melquisedeque
O Salmo 110 descreve a natureza messiânica do futuro governo de Jesus, com ênfase na eternidade de Jesus. É no contexto da realeza de Jesus (Salmo 110:2) que Davi escreve sobre o Messias ser “um sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Salmo 110:4).
Os sacerdotes segundo a ordem de Arão não eram reis, mas apenas sacerdotes. No entanto, como diz o autor de Hebreus, Melquisedeque era tanto sacerdote quanto rei (Hebreus 7:1). Da mesma forma, Jesus detém o papel duplo de rei e sacerdote.
A natureza eterna da ordem de Melquisedeque é apresentada em Hebreus 7:3: “Sem pai nem mãe, sem genealogia, sem princípio de dias nem fim de vida, assemelhando-se ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre.”
Em outras palavras, Melquisedeque aparece na história sem registro de genealogia ou linhagem ancestral, sem registro de seu nascimento e sem registro de sua morte.
O ponto é que Melquisedeque parece transcender a existência terrena; isso o torna um tipo de Cristo, que realmente transcende a existência terrena como o eterno Rei-Sacerdote que não tem predecessor nem sucessor em Seu alto ofício.
A Superioridade do Sacerdócio de Jesus na Ordem de Melquisedeque
Uma implicação do sacerdócio de Jesus segundo a ordem de Melquisedeque é que a Lei Mosaica era insuficiente para salvar: “Se a perfeição pudesse ter sido alcançada por meio do sacerdócio levítico — e de fato a lei dada ao povo estabeleceu esse sacerdócio — por que ainda haveria necessidade de outro sacerdote, um na ordem de Melquisedeque, não na ordem de Arão?
Pois, quando o sacerdócio é mudado, a lei também deve ser mudada” (Hebreus 7:11-12). Precisávamos de um sacerdócio superior — um sacerdócio eterno — para nos salvar de nossos pecados pela eternidade.
Precisávamos de Jesus, “aquele que se tornou sacerdote não com base em uma regulamentação quanto à sua ancestralidade, mas com base no poder de uma vida indestrutível” (Hebreus 7:16).
Um sacerdote é um mediador entre Deus e o homem. No Antigo Testamento, os sacerdotes aarônicos ou levíticos faziam sacrifícios em nome da nação de Israel (Levítico 16:1-28).
Esses sacrifícios precisavam ser repetidos constantemente. Eventualmente, o sacerdote morreria, e seu trabalho como mediador cessaria. Jesus, nosso Sumo Sacerdote “na ordem de Melquisedeque”, não é apenas nosso mediador, mas também nosso sacrifício (ver 1 João 2:1-2).
Por causa de Sua ressurreição, a morte não interrompe Sua obra; Jesus continua sendo nosso eterno Sumo Sacerdote.
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Jesus: O Eterno Sumo Sacerdote e Rei
Jesus não é apenas o Sumo Sacerdote compassivo (Hebreus 4:14-16), mas também é o Rei (Apocalipse 19:16). Jesus reinará fisicamente como rei em Jerusalém (Salmo 110:2), e Seu reinado será eterno (2 Samuel 7:13).
Assim como Melquisedeque era sacerdote e rei, Jesus também ocupa ambos os papéis. Ele é o mediador eterno entre Deus e o homem e a autoridade final como rei reinante, que em breve retornará e estabelecerá Seu reino físico na mesma cidade de onde Melquisedeque veio, Jerusalém.
A ordem de Melquisedeque é uma figura poderosa e simbólica que nos ajuda a entender a natureza eterna e dual de Jesus como Sumo Sacerdote e Rei.
Ele não só transcende a antiga ordem sacerdotal de Arão, mas também estabelece um reinado eterno que nos oferece mediação e salvação perpétuas.
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